segunda-feira, 3 de maio de 2010
Ainda precisamos de REDD se o desmatamento está caindo na Amazônia?
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Discussão requentada, muitas fornadas de prejuízos....
sexta-feira, 16 de abril de 2010
A REVOLUÇÃO EM TODA SUA SIMPLICIDADE
quarta-feira, 24 de março de 2010
Desafios Brasileiros para a Gestão Ambiental no Século XXI
sábado, 27 de fevereiro de 2010
As Feridas de Belo Monte
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Construindo pontes!
Existem algumas palavrinhas que juntas tem um grande potencial de produzir resultados incríveis mas não são nada simples de conseguirmos aproximá-las. Conservação e Desenvolvimento, Ciência e Prática, Educação e Conhecimento tradicional são algumas delas e as estratégias para construirmos essas “pontes” foi exatamente o tema de uma conferência realizada na Universidade da Flórida, entre 28 e 30 de Janeiro, organizada pelo Tropical Conservation and Development Program (http://conference.ifas.ufl.edu/tcd/).
Alguns podem achar que é um tema batido, afinal é óbvio hoje em dia que essas pontes são necessárias mas será que estamos mesmo promovendo elas na prática? Dos milhares de municípios brasileiros quantos são os que apresentam um aumento da qualidade de vida da população (desenvolvimento) e ao mesmo tempo uma melhoria da conservação do ambiente? Estamos conseguindo permitir a crianças e jovens de comunidades ribeirinhas, tradicionais, indígenas e rurais o acesso a uma educação que os inclua e ao mesmo tempo aborde e valorize o conhecimento tradicional de suas comunidades? Os nossos jovens mestres e doutores em seus estudos de caso estão produzindo conhecimento que reflitam melhoria para seus "estudados" na prática?
Também temos que reconhecer que existem avanços. Na conferência foram discutidas estratégias de aproximar Conservação e Desenvolvimento em três categorias: Abordagens baseadas em garantia de direitos, Abordagens baseadas em mercado, e Gestão de paisagem em multi-escalas.
Dentre as abordagens baseadas em garantia de direitos, destaco o relato apaixonado e apaixonante de Mary Allegretti (antropóloga brasileira) sobre a trajetória da luta de seringueiros pelos direitos de posse e exploração da floresta através da história da RESEX Chico Mendes. Ainda há muito a ser conquistado e aprimorado mas em pouco tempo muitos povos da floresta, quilombolas e indígenas conquistaram do governo brasileiro seus direitos no reconhecimento de seus territórios na Amazônia.
Sobre as abordagens baseadas em mercado, outro exemplo vindo do Brasil gerou muito debate: as mesas redondas que visam criar certificações para commodities, por exemplo a Mesa Redonda da Soja Responsável, e a da Pecuária. A iniciativa de setores produtivos sentarem na mesa com ONGs, compradores e sociedade e discutir critérios e parâmetros de produção responsável e sustentável foi considerada louvável, mas questionamentos surgiram sobre a dificuldade de monitoramento / verificação de cumprimento dos critérios, assim como em qualquer certificação. Outra questão é: será que o fato dessas mesas redondas serem setoriais não acaba camuflando responsabilidades e criando vilões? Por exemplo no desmatamento da Amazônia, a moratória da soja é considerada um sucesso pois não houve praticamente nenhum plantio de soja em área desmatada, mas com certeza o avanço da soja em área de pasto promoveu o avanço do pasto sobre a floresta na fronteira, então indiretamente causou desmatamento. E aí, a culpa é só da pecuária?
Na seção de gestão da paisagem em multi-escalas Daniel Nepstad, IPAM, apresentou as estratégias do governo de Mato Grosso na gestão de seu território através do licenciamento de propriedades e do controle do desmatamento. Em pouco tempo o Estado apresentou uma grande redução de desmatamento e hoje está com Zoneamento Sócio Econômico Ecológico em fase de aprovação, aprovou seu Plano Estadual de Controle do Desmatamento e Queimadas e instituiu um Fórum de Mudanças Climáticas. Agora o governo estadual demanda do governo federal sua parcela de recursos advindos do REDD. Ao mesmo tempo quer continuar campeão em produção de soja, algodão, milho e carne apostando no aumento da produtividade e intensificação da produção para saciar a fome do mundo... Ainda existe uma luz amarela acesa, vale o alerta feito por Nepstad no início de sua palestra: que tal pensarmos em reduzir nosso consumo de carne se queremos reduzir o desmatamento da Amazônia?
Enfim, o resultado é que ainda não temos respostas prontas nem modelos que balanceiem perfeitamente conservação e desenvolvimento. Um ou outro sempre acaba prevalecendo e isso significa que temos muito trabalho pela frente. Ainda mais se pensarmos nas mega diversidades de comunidades, culturas, ambientes e ecossistemas que geram demandas de conservações e desenvolvimentos diferentes. Nunca vai existir um só modelo.
Mas de qualquer forma, é só através da construção de parcerias, trocas de experiências e de inspirações, realização de debates, é que conseguiremos avançar nesse desafio de aliar Conservação e Desenvolvimento, seja onde for. E isso com certeza foi um grande resultado dessa conferência.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Código Florestal - Audiênca Pública em Ribeirão Preto-SP
Renato Morgado
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
A Conferência de Copenhague Acabou. E agora?
Ricardo Rettmann
A Conferência do Clima de Copenhague acabou há alguns dias e, como sempre acontece com temas que ficam muito em evidência, a mídia parou de falar sobre o assunto. A conclusão feita pelos veículos de comunicação brasileiros sobre o evento foi negativa. Mas para quem viveu essa experiência, principalmente os que participaram de uma COP pela primeira vez (como é o meu caso), o que fica de Copenhague não é tão ruim assim.
Se por um lado o dito “Acordo de Copenhague” foi apresentado na última hora e acabou sem relevância, viver a COP 15 foi sensacional. Estiveram presentes mais de 35.000 pessoas, de aproximadamente 190 países, de todos os continentes do Planeta, além de 130 chefes de estado, entre presidentes e primeiros ministros, fato que engrandeceu o evento.
O Brasil estava presente com a maior delegação do mundo, com cerca de 800 pessoas na delegação oficial, mais a delegação das ONGs brasileiras - demasiadamente grande. A Conferência foi uma conexão de ações, ideias e projetos globais que com certeza não seriam possíveis em outra oportunidade. Sem falar que foi muito maior que a famosa ECO-92 e que a imprensa mundial deu uma importância até exagerada para o evento.
Só que, essa mesma imprensa, mesmo antes da Conferência, pintou Copenhague como a grande esperança da Terra, a solução dos nossos problemas. Mas, ao mesmo, ignorou que existem milhares de interesses por trás, muito fortes e poderosos, que fazem com que cada movimento pretendido por nós, otimistas, demore muito mais do que nossa paciência consegue aguentar.
Outro aspecto positivo para os brasileiros foi ver o Lula falando de improviso maravilhosamente bem e sendo aplaudido de pé pelo mundo; a Dilma engolindo as gafes que fizeram a alegria da imprensa nacional tendo que se reunir com as ONGs para se atualizar sobre o assunto; o Itamaraty assumindo de uma vez por todas a importância das florestas e do REDD; e Marina Silva exercendo uma forte liderança, apesar de sua frágil aparência física....tudo isso é incalculavelmente positivo. Colocou de uma vez por todas a questão da sustentabilidade na agenda política nacional e com certeza o tema marcará o debate eleitoral brasileiro em 2010.
Internacionalmente, os EUA, apesar de não colocarem todas as cartas na mesa, pela primeira vez entraram de verdade nas negociações do clima (as pessoas se esquecem que por oito anos da administração Bush, os EUA se recusavam a participar e, mais do que isso, por muito tempo negaram a influência humana sobre o aquecimento global). A China, outro importante player global, também assumiu metas (apesar de bastante questionáveis) e concordou com alguns números genéricos que saíram do acordo, como o aumento máximo de 2 graus Celsius na temperatura da Terra e valores de financiamento para países pobres.
O que ficou de negativo realmente foi a falta de um acordo legalmente vinculante (só houve um acordo político, sem números claros, assinado por apenas 25 países, na ultima hora de Conferência). Também foi absurda a ausência das ONGs nos momentos decisórios de Copenhague, já que foram proibidas de entrar no local do evento desde 4a feira da última semana, dia em que chegaram os chefes de estado. Muitos representantes da sociedade civil gastaram muito dinheiro para perder a viagem, cabendo inclusive um processo coletivo contra as Nações Unidas.
Um acordo global como este não tem força de lei, já que não coloca ninguém na cadeia e, em se tratando de países tão fortes economicamente como por exemplos EUA, China e Alemanha, também não trará sanções econômicas.
Um acordo climático só funcionará realmente quando a sociedade estiver preparada para pressionar os governos e, por sua vez, os governos preparados para mudar a lógica de desenvolvimento, baseada em crescimento puro e simples.
E agora, o que fazer? Agora temos marcada para dezembro de 2010 uma próxima Conferência, a ser realizada no México, e precisamos construir as bases para a efetivação de um acordo. Necessitamos de uma articulação para pressionar governos, capacitar a sociedade, pesquisar profundamente sobre o assunto, atuar localmente e multiplicar boas ideias.
Enquanto o pacto social não estiver construído nesta direção, um acordo climático será apenas mais um papel assinado e uma linda foto para a imprensa mundial.